Onde se enterram as memórias
O lugar estava coberto por escombros. Não havia sinal de presença humana por ali. O silêncio parecia antigo. Aos poucos, fui observando o entorno; cruzes retorcidas, estátuas de anjos com asas quebradas, escrituras antigas em pedras gastas pelo tempo. Tudo exalava um ar de abandono solene. Lápides encobertas de poeira, grades de ferro enferrujadas, muros rachados. Era um cemitério. Mas não qualquer um. Esse estava em ruínas, como se tivesse sido varrido por uma guerra recentemente, embora nenhuma fumaça ou som ecoasse ali. A sensação era estranha: não era exatamente ruim, nem boa. Apenas intensa. As emoções me atravessavam como se algo estivesse sendo revelado, embora eu não soubesse o quê. Continuei andando entre os destroços, tentando entender o motivo de estar ali. Eu não carregava flores, não buscava por ninguém. Tampouco havia um funeral acontecendo. E mesmo assim, meus pés continuavam andando entre as lápides como se guiados por uma lembrança esquecida. Era um cemitério para mort...